Modéstia a parte,
sou boa com descrições resumidas. Na verdade, o ato de descrever-se rapidamente
é despretensioso, indolor, passageiro e não admite mudanças drásticas. Não
sinto e confesso nunca ter sentido a vontade de definir-me em palavras. Apesar
de amá-las, sinto-as mutáveis e portadoras de muitos significados diferentes,
fato que não me é de todo agradável. Já aviso: tome cuidado ao ler isto para
que não se confunda com os caminhos taciturnos escondidos em mim. Mas vamos à
fatídica descrição.
Um porte
demasiadamente pequeno para a idade, nada muito especial. Cabelos de tamanho
mediano e lisos, cor-de-nada (castanho-escuro, por assim dizer), olhos tão
negros quando carvão, não tão amendoados quanto o de uma mocinha de romance e
nem tão puxados quanto o de uma oriental, formato de rosto comum. Viram? Nada de
espetacular ou que mereça atenção.
Tenho uma fascinação inexplicável pela calmaria
e por coisas escuras. Meu grau de
teimosia é maior que minha paciência com as pessoas. Perco o interesse por
coisas supérfluas com a mesma velocidade com que pisco os olhos. Tenho um leve
toque blasé na personalidade, mas isso não chega a ter o sex appeal que parece. Gosto de chamar a atenção, apesar
de ficar encabulada quando consigo. Fico vermelha por motivos inexistentes e
sempre acho que estão falando de mim.
Sou ansiosa,
inquieta, mutável. Gosto da rapidez, da morbidez, do estrago. Prefiro dias
frios e preguiçosos mas sou um furacão passando em um lugar pacato. Falo a
mesma coisa várias vezes, não por falta de atenção, mas sim para que o que falo
se fixe nas mentes alheias. Sou completamente espalhafatosa e não tenho noção de
etiqueta moral.
Minha paixão está
no cérebro, não no coração. Pinto e bordo minha nada suave existência na grafia
de palavras hiperbólicas e números bem desenhados. Faço da lógica e da divagação
a união perfeita pela qual explico nossa vinda para esse lugar tão cheio de
interrogações. Ah, a Física, a Matemática! E que beleza conseguir explicar até
as curvas do casco de um caracol por meio disso! E as letras, meus amores, as palavras! E
apesar da fluência em Inglês, sou apaixonada pela nossa língua-mãe. Mas que dom
é esse, a Língua Portuguesa, tudo que existe de melhor em
um idioma? Mas voltemos à autobiografia, que meu amor pela Língua Portuguesa é
assunto para outro dia...
Outra paixão: livros,
escritos, rascunhos, relatos. Ler é a melhor herança que podemos deixar. E que
infinita biblioteca temos nesse mundo! Por que não deleitar-se, apaixonar-se,
perder-se nos livros? Vasta é minha vontade de devorar todos os bons livros da
Terra.
Tento não repetir
a palavra “paixão” tão esdruxulamente, mas diga-me, que mais sou eu além de uma
mulher apaixonada? Vê como uma autobiografia pode ser útil? Além de lunática,
descubro-me agora uma apaixonada pelas reviravoltas da vida.
E a música. A
música é amor para os ouvidos e eu a amo também. Acho que a melhor definição
para o adjetivo “eclético” seria soletrar calmamente (com a língua no céu da
boca) o meu nome. Eu sim, sou eclética. Sou fã do bom e velho rock, gosto de dançar um forró pé-de-serra,
sambar, rodopiar... E por que não deleitar-se ao som do Blues, do
R&B, do clássico? E tentar acompanhar as infinitas letras do hip-hop. Ah, a
música...
Sobre mim, na verdade, dar-se-á mais a entender a partir de meus escritos. Como disse, não sou boa com longas descrições, embora essa tenha ficado enorme (disse tanto sem dizer nada). Cada pedaço de mim está aqui e existem outros espalhados pelo mundo. Ventania.
E por enquanto,
tento não demorar-me muito nas curvas de minha própria personalidade. A esta altura,
começo a entender que um ser humano é composto de várias características próprias,
sentimentos próprios, gostos próprios. Assim tomo pé de despedida, já que não
sei mais o que dizer sobre mim. Ficam as desculpas e um beijo de tchau.
Vitória
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